Fonte: Outlander/Diana Galbadon - A Viajante do tempo - pág. 560
Jamie viera ficar ao meu lado à janela. Fitando distraidamente a chuva forte, disse:
- Houve outra razão. A principal.
- Razão? - perguntei tolamente.
- Para eu ter me casado com você.
E qual foi? — Não sei o que eu esperava que ele dissesse, talvez alguma nova revelação sobre os assuntos emaranhados de sua família. A seu modo, o que ele disse foi um choque.
— Porque eu a queria. —Virou-se da janela para encarar-me. — Mais do que eu jamais desejara alguém na vida — acrescentou ele em voz baixa.
Continuei fitando-o, abismada. O que quer que eu esperasse, não era isso. Vendo minha expressão boquiaberta, continuou despreocupadamente:
— Quando perguntei ao meu pai como se sabia quem era a mulher certa, ele disse que quando chegasse a hora, eu não teria nenhuma dúvida. E não tive. Quando acordei no escuro debaixo daquele carvalho na estrada para Leoch, com você sentada no meu peito, xingando-me por estar esvaindo-me em sangue, disse a mim mesmo: “Jamie Fraser, por menos que saiba a respeito dela e por mais que pese tanto quanto um bom cavalo, esta é a mulher.”
Parti em sua direção e ele recuou, falando rapidamente:
— Disse a mim mesmo: “Ela o consertou duas vezes em poucas horas, rapaz; com a vida entre os MacKenzie sendo o que é, parece uma boa medida se casar com uma mulher que sabe curar um ferimento e arrumar ossos quebrados.” Então, disse a mim mesmo: “Jamie, meu rapaz, se o toque da mão dela é tão suave em sua clavícula, imagine como deve ser mais embaixo...”
— Claro, achei que podia ser o efeito de ter passado quatro meses em um mosteiro, sem o benefício da companhia feminina, mas depois daquela viagem no escuro juntos — parou para suspirar teatralmente, esquivando-se da minha tentativa de agarrá-lo pela manga da camisa —, com aquele traseiro grande e adorável encaixado entre minhas coxas — agachou-se evitando um golpe na orelha esquerda e tirou o corpo fora, colocando uma mesinha entre nós — e aquela cabeça dura como uma pedra batendo no meu peito — um pequeno ornamento de metal balançou-se e caiu no chão com estardalhaço —, disse a mim mesmo...
Ele ria tanto a essa altura que tinha que parar para respirar entre uma frase e outra.
— Jamie... eu disse... embora seja uma maldita Sassenach... com a língua de uma víbora... com uma bunda daquelas... que importa se ela tem uma cara de c-c-carneiro?
Eu o fiz tropeçar e aterrissei sobre seu estômago com os dois joelhos quando ele se estatelou no chão com um barulho que sacudiu a casa.
— Está querendo me dizer que se casou comigo por amor? — perguntei.
Ele ergueu as sobrancelhas, lutando para conseguir respirar.
— E não foi... exatamente isso... que acabei de dizer?
Nenhum comentário:
Postar um comentário