quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Poção do Desamor!

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"O nevoeiro era espesso, abafando o som e a visão. De onde se encontrava, Will Herondale podia ver a rua, lisa, molhada e preta com tanta chuva, e ele podia ouvir as vozes dos mortos.

Nem todos os Caçadores de Sombras podiam ouvir fantasmas, a menos que estes escolhecem serem ouvidos, mas Will era um daqueles que podia. Quando ele se aproximou do velho cemitério, suas vozes se elevaram em um triste coro - lamentos e súplicas, gritos e grunhidos. Este não era um cemitério pacífico, mas Will sabia disso, não era a sua primeira visita ao Cemitério Cruz dos Ossos perto de London Bridge. Ele fez o melhor para bloquear os ruídos, encolhendo os ombros de modo que seu colarinho tapasse seus ouvidos, cabeça baixa, uma névoa fina de chuva umedecendo seu cabelo preto.

Ele estava na metade da entrada para o cemitério: um par de portões de ferro fixado em um muro alto de pedra, embora, qualquer mundano que passasse por lá não veria nada, mas sim um pedaço de terreno vazio, parte de uma construção. Enquanto Will se aproximava dos portões, uma coisa não mundana se materializou no nevoeiro: um grande batedor de bronze em forma de uma mão, com os dedos ossudos e esqueléticos. Com uma careta, Will estendeu uma de suas próprias mãos enluvadas e levantou o batedor, bateu - uma, duas, três vezes, e um barulho oco retumbante atravessou a noite.



Além da névoa, portões se ergueram como vapor saindo do solo, ocultando o brilho dos ossos contra o chão áspero. Lentamente, a névoa começou a crescer, assumindo um estranho brilho azul. Will colocou suas mãos nas grades do portão, o frio do metal passou através de suas luvas, em seu osso, e ele estremeceu. Foi mais do que um frio comum. Quando os fantasmas se levantam, puxam a energia ao seu arredor, privando o ar em torno deles de calor. Os cabelos na parte de trás do pescoço de Will se arrepiaram e se levantaram como a névoa, que se formava lentamente na forma de uma velha senhora, com um vestido esfarrapado de avental branco, e ligeiramente com a cabeça inclinada.

- Oi Mol, disse Will (...)

(...) Espera ai, Mol. Isso não é tudo o que eu vim fazer aqui está noite - disse Will.

A velha ficou entre a ganância e a impaciência no esforço de permanecer visível.

Finalmente, ela resmungou.

- Muito bem. O que mais você quer?

Will hesitou. Esse não foi o pedido de Magnus, mas sim algo que ele queria saber.

- A poção do amor.

A velha Mol gritou com um riso.

- Poção do amor? Para Will Herondale?

- Não é costume meu recusar pagamento, mas qualquer homem que se pareça com você, não terá necessidade de poções do amor, e isso é um fato.

- Não, disse Will, com um desespero em sua voz. - Eu estava pensando se realmente, existe algo que pode colocar um fim na existência do amor.

- Uma anti-poção? Mol ainda soava divertida.

- Eu estava pensando em algo mais parecido com indiferença? Tolerância?

Ela fez um barulho de ronco, surpreendentemente humano para um fantasma.

- Eu devo lhe dizer Nephilim, que você não precisa de minha ajuda para fazer uma pobre menina se desapaixonar de você! E com isso ela desapareceu, girando para longe nas brumas entre os túmulos.

Will ficou olhando para ela, e suspirou.

- Não é para ela, ele disse em voz baixa, embora não houvesse ninguém para ouvi-lo.

- É para mim! E saindo, ele inclinou a cabeça passando pelo portão de ferro frio."

Príncipe Mecânico - Cassandra Clare - Prólogo

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