segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Rinha de Gatos


Um inglês chega a uma Madri em polvorosa a bordo de um trem, na primavera de 1936. Assim tem início Rinha de gatos – Madrid 1936 (Editora Planeta, 296 pp., R$ 39,90), romance escrito pelo espanhol Eduardo Mendoza e centrado na figura de Anthony Whitelands, um crítico de arte britânico especialista em arte espanhola, que viaja à Espanha para verificar a autenticidade de um quadro supostamente pintado pelo renomado artista Velázquez.

Conforme o melancólico estrangeiro empreende sua saga por Madri, com uma guerra civil prestes a explodir na cidade – e no país -, suas atividades um tanto obscuras atraem a atenção de facções políticas opostas interessadas em se apoderar da pintura. Afinal, um Velázquez original poderia pagar por uma enorme quantidade de armas e ajudar a vencer a guerra que se aproximava.

Anthony vai lidar ainda com um charmoso fascista, José Antonio Primo de Rivera – amigo do dono do quadro de Velázquez –, com ofertas de sexo de condessas ninfomaníacas, investidas de uma prostituta menor de idade, manipulações de espiões britânicos e alemães e até com ameaças de um conspirador soviético.

Em suma: o nosso “herói” se sente atirado a uma rinha. E uma rinha de gatos, para piorar. A despeito de seu início sóbrio e comedido, repleto de suspense quanto ao destino do protagonista, o romance de Eduardo Mendoza adquire um delicioso e desconcertante tom humorado conforme suas páginas avançam. Artimanha típica de Eduardo Mendoza, autor espanhol, um mestre em subverter as expectativas dos leitores.

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