
Esta mátéria publicada no Jornal A Tribuna em 24/01 dá bem a medida do desserviço prestado pelas autoridades que pouco cuidam e pelos munícipes que nada respeitam!
"Arborização: Menos verde
Da Reportagem
Patrícia Diguê
O verde de Santos pode acabar. A expansão urbana aliada à falta de conscientização da maioria das pessoas — que vêem as árvores mais como um transtorno do que como benefício — está fazendo com que, aos poucos, o Município perca suas áreas verdes.
A consequência poderá ser o aumento das enchentes, devido à falta de permeabilização do solo, temperaturas mais altas, menos pássaros, menos beleza, enfim, uma qualidade de vida pior. ‘‘Pode ficar como São Paulo, onde uma chuvinha qualquer alaga a cidade inteira’’, compara Luiz A. C. Dieguez, supervisor da equipe técnica de Santos do Departamento Estadual de Proteção ao Meio Ambiente (DEPRN), órgão licenciador e fiscalizador da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Ele pondera que a situação ainda não é preocupante, mas alerta para a necessidade da população cuidar da vegetação e do Poder Público planejar a arborização e fiscalizar os crimes ambientais.
Dieguez fala da necessidade de sempre se consultar os órgãos ambientais quando houver a intenção de suprimir qualquer tipo de vegetação. Segundo ele, a legislação é vasta e prevê inúmeras particularidades, por isso, os casos são analisados isoladamente. Quando se trata de terrenos particulares, por exemplo, estão dispensados de pedido de permissão lotes de até mil metros quadrados com até 20 árvores isoladas. Mas esta regra não se aplica para uma Área de Proteção Permanente (APP) — como margens de rios e topos de morros — ou uma Unidade de Conservação — a Estação Ecológica Juréia-Itatins, por exemplo. ‘‘Por isso, precisa sempre consultar antes de cortar qualquer coisa’’, alerta.Palmeiras
O supervisor lamentou a retirada de três palmeiras imperiais de um terreno (a antiga Chácara Brasil) na Avenida Conselheiro Nébias, no último dia 14. A derrubada foi alvo de matéria publicada em A Tribuna na última quinta-feira. Ele respalda, porém, a informação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) de que o comprador do terreno não cometeu crime ambiental ao retirar as palmeiras, pois elas não são espécies nativas. ‘‘Mas elas tinham importância, apesar de não estarem sob tutela legal. As palmeiras demoraram mais de 50 anos para atingir aquela altura (cerca de 20 metros) e custam mais de R$ 20 mil cada uma’’. O responsável pela empresa que cortou as árvores, José Luiz Ferreira, disse que tentou entrar em contato com a Prefeitura, mas a pessoa que o atendeu pelo telefone no Jardim Botânico Chico Mendes teria dito que não havia interesse nas plantas. A Semam nega ter recebido qualquer solicitação neste sentido.
Árvores são vítimas da ação de vândalos na Cidade
Da Reportagem
Enquanto paisagistas e os técnicos da Prefeitura se desdobram para manter o verde em Santos, há quem cometa verdadeiros atentados contra árvores das ruas. Foi o que aconteceu no início do mês com quatro saboneteiras da Rua Djalma Dutra, no Gonzaga. Vândalos fizeram um corte de dois centímetros e meio em torno do tronco, o que pode ocasionar a interrupção do fluxo da seiva (substância que alimenta a planta), condenando-a. A denúncia foi feita à Ouvidoria Pública. Técnicos da Semam e outros especialistas tentam recuperar as espécies através de enxertos, podas e aplicação de fungicida. O caso também foi levado ao Ministério Público do Meio Ambiente. A Semam multou em R$ 16 mil os responsáveis, cujos nomes não foram divulgados. Conforme o paisagista Oswaldo Casasco, que participa do processo de recuperação dos vegetais da Rua Djalma Dutra, a dificuldade agora é obter uma pasta especial para realizar os enxertos, à base de cera de abelha, parafina e óleo de mamona. ‘‘A Semam prometeu providenciar’’.
Na esquina das ruas Pasteur e Paraguai, também no Gonzaga, outro crime. Uma aroeira de cerca de 20 anos teve o tronco todo descascado com facão na semana passada. Como a árvore já apresentava problemas, a Semam terá que substituí-la. O autor da ação não foi identificado. ‘‘Alguém fez esta maldade. A árvore não atrapalha, me traz sombra e a Prefeitura faz a poda direitinho. Eu até plantei um coqueiro junto no canteiro’’, afirma Silvera da Silva, dona de um estabelecimento próximo à árvore. Segundo ela, o vândalo descascou o tronco em uma segunda-feira, quando o comércio está fechado.
Na Praça dos Expedicionários, no Gonzaga, não houve atentados contra as árvores, mas os comerciantes do local pedem a retirada das plantas desde 2002. Porém, a Semam não autorizou a retirada após realizar análise técnica, e vem executando podas nos galhos. O dono de uma banca de jornal na praça, Valentim Diniz Ramos, não concorda com a remoção das árvores. ‘‘Fica mais fresco assim’’. Enquanto alguns querem se livrar do verde, outros ajudam o Poder Público a fiscalizar. O morador Silvio Amado Gonçalves enviou denúncia à Ouvidoria, no último dia 16, sobre a retirada de palmeiras na Avenida Mário Covas, próximo à sede do Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo). ‘‘Por que a Prefeitura não autuou quem autorizou aquela barbárie?’’, questiona na carta. Na opinião dele, os coqueiros deveriam ter sido plantados em outro local. Segundo a Assessoria de Imprensa da Semam, as espécies já estavam no final de seu ciclo de vida e a Prefeitura não pôde evitar a retirada porque trata-se de uma área particular. "
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